Dia da Consciência Negra: Escravidão em Caicó

Dia da Consciência Negra: Escravidão em Caicó

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Embora reconheçamos os quilombolas, não se estuda os escravos do RN. Por isso, a Ariane Pereira, em 2014, estudou escravidão em Caicó no mestrado. Você vai conferir nesta matéria especial de Dia da Consciência Negra, que é hoje no dia 19 de novembro, a seguir.

Onde ficava a Cidade do Príncipe?

A Cidade do Príncipe era Caicó no período do Brasil Colônia. Ela saiu da categoria de vila para cidade em dezembro de 1868. Após a Proclamação da República, em 1890, por conseguinte, o seu nome alterou para Seridó e finalmente em alguns meses para Caicó.

Os republicanos queriam apagar as marcas do Império na região.

Como era a sua estrutura?

Antes das bonitas rendas, a cidade do Caicó era agropecuária. Era lá que tinha a maior produção de algodão e tinha as maiores criações de gado.

Era um território cheio de fazendas e vilas compostas por funcionários brancos destes fazendeiros, principalmente europeus que queriam sair da pobreza que estavam passando na Europa.

Inicialmente, a escravidão não estava nos planos dos fazendeiros, apesar de que os mesmos participaram da Guerra dos Bárbaros. Entretanto, as grandes secas da região fez com que os donos de terras procurassem “soluções econômicas”.

Então, eles encontraram um negócio lucrativo chamado venda e compra de escravos.

Os escravos trabalhavam em todas as tarefas da fazenda, desde o trato com o gado, passando pela criação de pequenos animais, ao cultivo de gêneros alimentícios e à fabricação de artefatos domésticos.

Ariane Pereira em sua pesquisa

Na época, o Seridó tinha o melhor algodão do Rio Grande do Norte, com finalidade de criar tecidos finos para Inglaterra.

A compra pelos fazendeiros caicoenses surgiu na segunda metade do século XIX. De 1850 a 1855, 29 pessoas foram compradas em Caicó. Sendo que o auge das contratações, todavia, aconteceu entre 1871 a 1875, com 94 pessoas.

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Em 1872, havia 12 mil pessoas tratadas como escravas no RN.  Até o ano de 1888, quando houve a Lei Áurea, 277 pessoas foram vítimas da escravidão somente em Caicó.

Quais eram as suas ocupações?

De acordo com o senso pesquisado na época, dos escravos homens, a maioria trabalhava como lavrador, serviço doméstico, jornaleiros, pedreiros, carpinteiros e ferreiros. Já as mulheres eram domésticas, costureiras, lavradoras e jornaleiras.

Donde vieram os escravos?

Não se sabe a origem dos escravos, o historiador Hugo Martins, usando como base de estudo do nigeriano Joseph Inikori, contou que eram do Congo.

A pesquisadora Ariane Pereira, por sua vez, encontrou documentos de que uma das práticas comuns eram vender órfãos de escravos para outras pessoas, no qual o negócio somente acontecia com a autorização do juiz.  Isso era feita tanto pelos fazendeiros quanto as pessoas que moravam na vila.

Pessoas de cidades vizinhas de Caicó também compravam os escravos dessa região.

Negros do Rosário em Caicó

O pesquisador Hugo Martins estudou que a cultura afro-brasileira também está no Seridó. Além disso, após a Lei Áurea, muitos escravos caicoenses submeteram-se em contratos pífios e ainda eram vistos como mão de obra barata.

Entretanto, deixaram uma manifestação importante, visto que realizavam a festa de Nossa Senhora do Rosário, considerada à padroeira do povo negro. Era um momento de encontrar com as suas origens proibidas.

Na dança tem o rei, a rainha, os juízes, capitão, dançarinos e súditos. Assim, nasce a nobre corte da coreografia que anda pelas ruas a medida que o ritmo aumenta.

Tudo começou quando os negros encontraram uma forma de celebrar a cultura africana com o catolicismo.  Mal sabiam que eles iriam desenvolver uma manifestação não somente religiosa, artística e cultural. Surgindo assim a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos.

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Como funciona a manifestação artística

A manifestação, que vem geração em geração, funciona da seguinte forma, as pessoas comemoram em homenagem à Rosário ao som de tambores, pífanos e com muita dança, além de venerar os ancestrais que vieram antes deles e sofreram com as maldades do mundo.

A festa sempre acontece em dezembro e era uma forma de celebrar a sua cultura sem precisar sem perseguidos pelos senhores de escravos.

Eles dançam anualmente. Desde sua criação a sua dança ritualística de enorme conteúdo simbólico de elementos socioculturais de origem africana ao reconstitui os reinados do Congo.

Além de Caicó, a Irmandade está em Parelhas, Jardim do Seridó e Serra Negra do Norte. Entretanto, em outras cidades do RN estão inativas. Outros estados também têm essa cultura, no qual foram perseguidos pela Igreja Católica.

A Irmandade do Rosário, no entanto, possui a seguinte hierarquia: a Mesa Administrativa, o Conselho de Irmãos, a Coorte e o Estado Maior com suas Guardas. Em 2021, completa 250 anos.

Uma igreja construída por negros existe em Natal

Em Natal tinha escravidão. Por exemplo, eles ergueram a própria igreja para rezar. Estou falando da famosa Igreja do Rosário, que fica entre a Ribeira e Cidade Alta.

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Uma resposta para “Dia da Consciência Negra: Escravidão em Caicó”

  1. […] Entretanto, o Rio Grande do Norte tem o seu próprio Arco do Triunfo. O monumento fica na cidade de Caicó, que é uma homenagem à passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima pela cidade, que […]

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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