O que significa a palavra “Catimbó”?

O que significa a palavra “Catimbó”?

Compartilhe:

O termo “Catimbó” , nas línguas Tupi e Guarani, significa respectivamente “fumaça de mato” e “vapor de erva”. Porém, muitos utilizam o termo para ofender pessoas que seguem religião matriz africana. Porém, vamos explicar um pouco sobre o que significa. Veja o artigo a seguir.

A origem do termo catimbó é controversa, visto que tem influência europeia, africana e índegena, embora a maior parte dos pesquisadores afirme que deriva da língua tupi antiga. É um culto híbrido, nascido dos contatos ocorridos entre as espiritualidades dos três povos citados, contatos esses que se deram em solo brasileiro, a partir do século XVI, com o advento da colonização. Como falado anteriormente, o termo catimbozeiro é usado para designar os adeptos do catimbó, embora, ofensivamente, também possa referir-se a qualquer praticante de magia negra, Candomblé ou Quimbanda.

O culto reverencia a Jurema por suas propriedades psicoativas, inserido-a em diversos ritos de comunicação com as divindades de seu panteão através do transe, alguns dos quais ainda preservados pelas comunidades da região. O Toré, uma forma específica de culto à Jurema, é, por vezes a única forma de identificação cultural remanescente entre os ameríndios do Nordeste.

Esta variedade de cultos, entretanto, foi severamente reduzida por ocasião do contato europeu, de forma que a tradição da Jurema sagrada teve de ser adaptada aos preceitos católicos, devido à forte repressão colona aos cultos considerados pagãos. Assim, o vasto panteão aborígene foi gradualmente suprimido, sendo adotado, nos rituais da população cabocla, as mesmas deidades do catolicismo tradicional. O culto aos antepassados, porém, por sua grande influência, foi mantido e, ademais, adaptado à realidade dos Mestres da Jurema.

A seguir tem um vídeo explicando sobre a religião:

O universo espiritual do catimbó não segue o mesmo padrão estamental do catolicismo. O Juremá é a cidade onde habitariam os Mestres da Jurema e seus subordinados. Segundo a crença, o Juremá seria composto de uma profusão de aldeias, cidades e estados, os quais trariam um organização hierárquica, envolvendo todas as entidades Catimbozeiras, tais como caboclos da jurema e encantados, sob o comando de um ou até três Mestres.

Você pode ler também:  Dia do Trabalho é dia de assistir Festival Suado

Cada aldeia tem três Mestres. Doze aldeias fazem um estado com 36 Mestres. No Estado ha cidades, serras, florestas, rios. Quantos são os estados? Entre 5 a 7 estados.

O Catimbó, assim como a maior parte das religiões xamânicas, é considerado um culto de transe, no qual as entidades, conhecidas como Mestres, se utilizariam o corpo do Catimbozeiro e, momentaneamente, tomariam todos os domínios básicos do organismo. Semelhante ao que ocorre na Umbanda, onde os espíritos se organizam em direita e esquerda conforme a natureza positiva ou negativa que possuam, mas trabalhando de acordo com a vontade do médium, os Mestres são relativamente neutros, podendo operar tanto boas quanto más ações.Houve uma intensa perseguição contra a religião, oficialmente as práticas religiosas contra o Catimbó foram discutidas, proibidas e perseguidas até a segunda metade da década de 1960.

Tais Mestres seriam figuras ilustres do Catimbó, que, quando vivos, teriam realizado diversos atos de caridade por intermédio do uso de ervas e propriedades xamânicas, de modo que por ventura de sua morte, teriam sido transportados a uma das Cidades místicas do Juremá, localizada nas imediações de um arbusto de Jurema plantado pelo Mestre anteriormente a seu falecimento.

A jurema é uma árvore que floresce no agreste e na caatinga nordestina. Da casca de seu tronco e de suas raízes faz-se uma bebida mágico sagrada que alimenta e dá força aos “ encantados do outro mundo” . Acredita-se também que é essa bebida que permite aos homens entrar em contato com o mundo espiritual e os seres que lá residem, mas o Catimbó existe sem que seja necessário fazer ou beber a Jurema, Catimbó não é Santo Daime. Tal árvore é símbolo e núcleo de várias práticas mágico-religiosas de origem ameríndia. De fato, entre os diversos povos indígenas que habitaram o Nordeste, se fazia e em alguns deles ainda se faz o uso ritual desta bebida.

Você pode ler também:  Garotinha deseja conhecer Comando da Polícia e consegue

Este culto se difundiu dos sertões e agrestes nordestinos em direção às grandes cidades do litoral, onde elementos das outras matrizes étnicas entraram em cena. Segundo os especialistas, o símbolo da árvore que liga o mundo terreno ao do além, embora amarga dá sapiência aos que dela se alimentam, ganha novos significados, surgindo um mito com traços cristãos. Neste sentido a Jurema surge como a árvore que escondeu a “sagrada família” dos soldados de Herodes, durante a fuga para o Egito, ganhando desde então suas propriedades mágico religiosas.

Ainda nessa perspectiva, juntaram-se na constituição desta forma de religiosidade popular outros elementos de origem européia como a magia e o culto aos santos do catolicismo popular. A referência a Jurema que é feita nos pontos de Umbanda são relativos a Cabocla Jurema e não a erva propriamente dita, é o Catimbó que tem a erva Jurema como o centro e principal elemento de seu culto.

Tags

Commente aqui

Uma resposta para “O que significa a palavra “Catimbó”?”

  1. […] música traz elementos da cultura do Catimbó, além de expressões de cura, fé e vibrações. A música chegou para Tiquinha através do seu […]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

compartilhe:

Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



Últimas brechadas



Breche aí