Poder milagroso de Dusouto unir tribos em um São João

Poder milagroso de Dusouto unir tribos em um São João

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Quando penso em São João, rapidamente vem uma lista de 10 coisas:

  1. Bombinhas
  2. Comidas de milho
  3. Forró
  4. Campina Grande, Mossoró e Caruaru
  5. Bandeiras de São João na rua
  6. Festas no interior
  7. Apresentação nas escolas
  8. Brincadeiras
  9. Pau de sebo
  10. Diversas matérias de Luiz Gonzaga em todas as mídias

A capital do Rio Grande do Norte não é muito ligada nas festas tradicionais, apesar de que alguns lugares têm as suas pequenas festas espalhadas por aí. No entanto, nos últimos anos, a banda Dusouto colocou a semente do São João no bairro da Ribeira, mais precisamente no largo da Rua Chile e criou o “Arraía Outro Par”, inicialmente era uma festa pequena, no qual o grupo cantava as suas músicas em versão forró, como “Black Point”, “Fazendo a Cabeça”, “Cretino” e dentre outras. Em menos de quatro anos, a proposta cresceu tanto e virou uma grande festa no Centro Histórico e já entrou no calendário dos festejos da cidade.

Praticamente criamos um Pingo Mei-Dia versão natalense, só que sem trio elétrico e políticos tentando fazer as suas campanhas eleitorais. Lembrava um pouco o disco “Aviões Elétrico”.

Isto, mais uma vez mostra que a Ribeira não é apenas espaço para aqueles que odeiam festas mainstream, visto que as pessoas que gostam de São João topam ir para o outro lado da cidade e dançar agarradinho o refrão “Aonde está o meu outro par da sandália haviana?”. Você via gente de todos os tipos, desde aquele bombado com atitude de Johnny Bravo até aquele metaleiro que vai de camisa xadrez e por dentro uma camisa do Iron Maiden.

Sim, por causa desta música acima, que o São João se chama “Arraía do Outro Par”, cujo objetivo é ouvir boa música e procurar a sua sandália, que deixou espalhada por aí. Se não quiser, pode ficar a vontade.

Sabe aquele idiota que tirava sarro de você na escola por gostar de Simple Plan e ir na Ribeira para ver o cover? Ou aquele metaleiro que diz que só vai para Ribeira no show do Deadly Fate? Eles estavam lá e bem felizes bebendo aquela Skol Azul.

Como diz o grande Renan Mateus, amigo dos rolés malucos de Natal: “Ninguém é alternativo quando se toca Raça Negra ou qualquer música popular”. Todo mundo gosta de dançar e se divertir, mesmo pisando no pé do outro quando tenta aquele dois pra lá e dois pra cá. Agora posso melhorar a frase:

“Ninguém é mainstream e alternativo quando o assunto é São João”.

Brechando claro que foi dar uma brechadinha na festa, que tinha fila para tudo. Parecia uma grande calourada da UFRN, sendo que 99% da população estava com camisa xadrez. Desde ir ao banheiro, para jogar lixo, comprar bebida (água ou cerveja de qualidade, que não era Nova Schin, graças a Deus) e pedir a comida para dar aquele combustível na hora de dar continuidade nas atividades.

Chegamos por volta das 23 horas e a festa já tinha começado fazia tempo, mas a fila ainda estava imensa para entrar. Todo mundo quer curtir o São João e a Ribeira. Aquele argumento de um certo ex-roqueiro/forrozeiro que ninguém paga 50 conto para ir num show da Ribeira, está completamente refutada nos dias atuais. Além disso, a tendência é que a música alternativa se misture cada vez mais com diversos elementos, só olhar os festivais atuais. Até o heavy metal já brincou com o pop e a música eletrônica.

A festa estava tão animada, mas tão animada, que a galera que estava no Porto ficou no muro para também brechar e dançar. Parecia que estava em Mossoró.

Bem paparazzi (por isso a resolução ruim e não coloquei flash), o Brechando flagrou os funcionários analisando a festa para olhar se estava boa (Fotos: Lara Paiva)

Você pode não frequentar a universidade, mas sabe que se os universitários federais aprovam, é porque a festa deu certo. Então, outras pessoas da cidade são estimuladas para ir neste mesmo lugar.

Assim foi o que aconteceu com o Arraía Outro Par, no qual a divulgação, boa parte, foi através das redes sociais e o sucesso do boca a boca foi tão grande, que tinha gente desesperada para comprar o ingresso na hora, mesmo que tivesse ir em um banco 24 horas na madruga boladona. Pelo menos, a organização foi inteligente e colocou limites, para evitar a super lotação e problemas futuros.

Sim, o local estava lotado, mas pelo menos ninguém pisava no seu pé ou brigava por causa disso. E todo mundo respeitava na fila (milagres! É o poder do Dusouto!) ! Se seguisse a localização Ribeira, você viria mais de 1000 postagens feitas ao mesmo tempo na festa, algo que é dificílimo de acontecer em uma festa cotidianamente no fim de semana no mesmo bairro.

Assim como o Grafith, o Dusouto consegue arrastar multidões em lugares inusitados e faz todo mundo dançar, mesmo aquele seu amigo que não é pé de valsa. Ainda digo mais: todo mundo sabe cantar as músicas e virou um produto genuinamente natalense. Com certeza, seu amigo de outra cidade já perguntou: “Em Natal tem aquele Dusouto, né? Aquele que canta a música do Outro Par da Sandália Havaiana”. Do mesmo jeito tem aquele que pergunta: “E aquela banda Grafith de Natal? Só toca suingueira, né?”.

Todo mundo respeitando a fila, que bonito

Além disso, a festa tinha tudo o que uma festa de São João deveria ter, uma barraca do beijo, comidas típicas, uma tentativa de fazer quadrilha, rei e rainha da festa, brincadeiras típicas e muito rala bucho. Podia dançar sozinho, acompanhado ou em três, todo mundo estava se divertindo e querendo curtir um São João entre amigos e com aqueles que amavam, além da família.

Sem contar que antes havia uma cantora de Angicos, chamada Lívia Souza, que cantou todos aqueles clássicos do forró que a gente já escutou, principalmente no toca-discos dos nossos pais, como “Estrelinha do Céu”, “Asa Branca”, “Vem Pra Mim” e dentre outras, praticamente aquela playlist do Brechando sobre músicas de forró que grudam nas nossas cabeças.

Ainda teve DJs que colocaram funk, música pop e rock em versão forró, fazendo com que o povo dançasse bem muito.

Enfim, forró é Nordeste. Dusouto é Nordeste. Grafith é Nordeste. Agora, o Dusouto precisa criar um álbum com Grafith para zerar a vida.

Veja as fotos do evento a seguir:

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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