Dia do Índio: O que foi a Guerra dos Tapuias

Dia do Índio: O que foi a Guerra dos Tapuias

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O dia 19 de abril também é conhecido como o Dia do Índio e a gente já falou dos Tapuias e Potiguares. Mas não falamos da guerra que exterminou praticamente todos os índios tapuias e fez com que os europeus dominasse o interior do estado, que na época era uma capitania, e desenvolvesse a pecuária.

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A guerra entre os europeus x Tapuia durou 10 anos e eles enfrentavam vários conflitos com os vaqueiros. Os indígenas ficaram numa situação de imobilidade com o avanço da pecuária e construíram uma barreira contra a colonização, o chamado “muro do demônio”. É considerado um dos maiores levantes indígenas.

Os Tapuias, também conhecidos por “Bárbaros”, habitavam, dentre outras regiões, os sertões da Capitania do Rio Grande. Dividiam-se em vários grupos nomeados de acordo com a região onde moravam – Cariris (Serra da Borborema), Tarairiou (Rio Grande e Cunhaú), Canindés (no sertão do Acauã ou Seridó). Eram chefiados por vários reis e falavam línguas diversas. Merecendo destaque os reis Janduí e Caracará.

Os dois povos entraram num conflito violento, levando à “Guerra dos Bárbaros”, ou “Levante Geral dos Tapuias”. Os portugueses acreditavam estar lutando contra o próprio demônio nos sertões brasileiros.

Os homens apresentavam-se corpulentos, possuidores de grande força física. A pele queimada, em tons de marrom. Usavam cabelo longo ao sabor do vento. Não costumavam usar roupas. Eram desprovidos de pêlos por todo o corpo. Apesar de andarem nus, cobriam as partes íntimas com peças feitas de materiais rudimentares, extraídos da natureza.

As mulheres apresentavam estrutura física pequena, mas a cor era a mesma da dos homens. Costumavam manter os cabelos curtos ou longos, de corpos rechonchudos. Também escondiam suas partes íntimas.

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Adornavam seu corpo com o que encontravam na natureza – Penas de aves, folhas de plantas nativas, raízes, utilizavam-se de pedaços de paus para fazerem brincos, colares e outros. Utilizavam-se de tais enfeites tanto para a prática das danças, como na preparação para a guerra.

Os Tapuias eram conhecidos como bárbaros por terem uma postura mais agressiva que os tupis. Durante a batalha eles conseguiram destruir fazendas, matar seus moradores, invadir igrejas e destruir imagens sacras. Os índios eram cruéis e foram capazes, até mesmo, de matar e arrancar o coração do padre Amaro Barbosa (como diz aqui: “É o bravo!”).

Inicialmente, os índios estavam vencendo a batalha por conhecer o sertão um pouco melhor, porém os colonos passaram a realizar emboscadas e ataques surpresa para tentarem vencer os índios.

Em 1690, frei Manuel da Ressurreição, interino no governo-geral do Brasil, decidiu eliminar os tapuias das capitanias do Norte. O capitão Matias Cardoso de Almeida recebeu patente de mestre de campo e governador da guerra. Ele recebeu ordens para degolar ou escravizar os índios.

A violência com que os invasores tratavam os índios é testemunhada em uma carta do padre Antônio Vieira ao rei de Portugal, em que afirma:

“As causas de até agora se ter feito tão pouco fruto com estas gentes são principalmente as tiranias que com eles temos usado, havendo capitão que obrigou a atar dez morrões [pavios] acesos nos dez dedos das mãos de um principal [chefe indígena] de uma aldeia para que lhe desse escravos, dizendo que o havia de deixar arder, enquanto não lhes desse, e assim fez.”

A rebelião tapuia teve como estopim a morte de um líder da tribo da região de Açu. Como resposta, os índios tomaram armas e gado e derrotaram os opressores.

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Quase em sua totalidade os tapuias se uniram e, em pouco tempo, dominaram as ribeiras do Açu e Apodi, chegando a cinco léguas de Natal. O capitão-mor Pascoal Gonçalves pede socorro a Pernambuco, Bahia e Paraíba. Pernambuco enviou cinco companhias, chefiadas pelo mestre de campo Jorge Luís Soares, com reforços da Paraíba.

Entretanto, a rebelião era intensa e muitos começavam a fugir de Natal mesmo com a ameaça de cadeia o e confisco dos bens de quem fugisse. Por essa altura, foi nomeado novo capitão-mor Agostinho César de Andrade. Este concede perdão aos criminosos que aceitassem combater os índios. Consegue uma vitória na Serra de Acauã, mas a rebelião prossegue.

Com o passar do tempo, mesmo com um poder formidável quando unidas as tribos, a superioridade bélica dos invasores se impôs. Algumas tribos foram praticamente dizimadas, e os que restavam eram o comando das missões jesuítas.

Os oficiais da Câmara de Natal enviaram uma carta ao rei relatando a guerra dos tapuias e a paz iniciada pelo capitão-mor Agostinho César e continuada pelo capitão-mor Bernardo Vieira. Assim, os índios tapuias foram exterminados e os portugueses conseguiram dominar o interior do estado.

Fonte: Grupo Escolar/ História RN/ A Verdade

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2 respostas para “Dia do Índio: O que foi a Guerra dos Tapuias”

  1. Pena que a história sempre é contada pelo povo branco. Os tapuias não foram eliminados, pelo contrário, resistem até hoje, basta conhecer o interior do RN e verás nos rostos da população a descendência Tapuia muito forte. O europeu com suas estórias querem fazer o povo esquecer de suas origens, boa parte dos habitantes do RN não se reconhecem como brancos ou afrodescendentes, ou seja, são os povos originarios tapuias e potiguares que desconhece sua própria história.

    1. Conhece algum tribo remanescente dos Tapuias?

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

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