Women’s March: Brechando foi a marcha das mulheres contra Trump

Women’s March: Brechando foi a marcha das mulheres contra Trump

Compartilhe:
Pedimos para a jornalista natalense Isadora Vasconcelos Lima, que mora na capital dos EUA, acompanhar a Women’s March. Neste sábado (21), milhares foram as ruas para pedir mais direitos às mulheres e criticar a posse de Donald Trump, que durante a campanha eleitoral criticou às mulheres, imigrantes e o grupo LGBT.  

Washington amanheceu com um céu bastante cinza, tanto na sexta feira quanto no sábado. Havia planejado ir à posse de Trump, mas todo mundo me recomendou a ficar em casa, achando que estaria lotado ou não daria para ver o ocorrido, algo que não ocorreu.

Fotos/Vídeo da marcha: Isadora Vasconcelos Lima

Leia Também:

No lugar disso, eu fui almoçar. Quando saí do restaurante, resolvemos ir ao cinema. Enquanto eu e meu namorado estamos indo comprar os ingressos do filme, nos demos de cara com dois rapazes com boné da campanha Trump brigando com três latinas que estavam circulando normalmente.

Eu nunca tinha visto isto, pois a área é cheia de pessoas jovens, inclusive universitários. Nunca tinha visto problemas.

O outro dia era o Women’s March. Acordei cedo no sábado e meu plano era sair de casa antes das 9 da manhã e pegar o metrô até o centro da cidade onde o protesto iria começar. O trajeto até a estação de metrô foi curto, mas era possível ver grupo de mulheres com seus gorros rosa, famílias inteiras com cartazes contra Trump e chamando a atenção para os direitos reprodutivos.

Cheguei ao metrô e bem…Ele estava MUITO lotado. Achava que iria ter problemas com outros transportes, pois tinha lido sobre a vinda de 200 ônibus nas cidades vizinhas, os aviões lotados e caos da rodovia para chegar à cidade no dia da posse. Não esperava encontrar o metrô lotado.

Depois de 4 trens e sem espaço para entrar, mudança de planos. Vamos andando, o que são 6 km? Não é mesmo?

A aventura estava começando e eu não havia nem chegado ao centro. Fones de ouvido, uma bela playlist e pé na tábua. Encontrei um grupo de pessoas decididas a caminhar ate a marcha e lá fui atravessar pontes que não deveriam ser atravessadas a pé.

Você pode ler também:  Você sabia que Gretchen já se apresentou no Circo do Facilita?

Uma hora e meia andando e cheguei!

Bem na hora de pegar o diretor Michael Moore rasgando o Washington Post. “Estamos aqui hoje para por um fim ao massacre de Trump”, disse ele, usando como referencia o discurso de Trump que declarou que iria acabar com o “massacre de americanos”.

O documentarista pediu ao público de aproximadamente 500.000 pessoas, que entrassem em contato com os representantes de seus estados, que ligassem todos os dias, que fizessem sua vozes serem ouvidas e mantivesse a pressão contra as reformas propostas por Trump.

A atriz Ashley Judd (para quem não a conhece ela fez o papel da mãe de Tris em Divergent), por sua vez, interrompeu Moore, leu o poema “I am a nasty woman” (“Eu Sou Uma Mulher Desagradável” em português), poema escrito por Nina Mariah, garota de 19 anos, natural de Tennessee. Levando o público a loucura após recitá-lo!

Fiquei pensando: “Meu Deus, o que foi aquilo?”. Eu vi mulheres de todas as idades, cores e aplaudindo o poema. “HELL YEAH!!!!”, gritava o público.

Veja o vídeo a seguir e o poema completo pode ser lido aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=VvnlGc3qdmA

Scarlett Johansson, conhecida como “A Viúva Negra” dos filmes da Marvel e filha de um imigrante dinarmaquês, também foi um dos artistas a mostrar seu apoio a Planned Parenthood (grupo não governamental que da acesso a exames ginecológicos e educação sexual e de saúde da família a mulheres de baixa renda).

https://www.youtube.com/watch?v=-6ofCjjUz-Q

Muitos foram os discursos que levavam a multidão à loucura, multidão essa que foi tão inesperada que não havia como organizar todos para a marcha. As 14.30 os organizadores informaram que todos deveriam começar a andar em direção norte e partindo pelo “National Mall” (área onde estão localizados os principais museus e monumentos da cidade) e lá fomos.

Neste período, as pessoas tentavam compartilhar o máximo de informações nas redes sociais sobre a marcha. Tentei fazer uma Live no Facebook ou vídeos no Snapchat e Instagram, mas imagine meio milhão de pessoas tentando usar a internet ao mesmo tempo. É como tentar usar a internet do celular antes do 3G.

Você pode ler também:  Origem do feminismo em Natal

E aos poucos fui andando e movendo e só me demorei aproximadamente uma hora para andar até a Casa Branca.

Agora você ter uma ideia. O metrô de DC informou que houveram 1.001.613 passes feitos nas estações de metrô. Isso não significa que havia 1 milhão de pessoas andando de metrô neste sábado, apenas que circularam por ali. Levando em consideração que todo mundo precisa entrar e sair do metrô em algum lugar você divide este valor em dois.

Mas vamos contar o pessoal que como eu andou? Ou foi de carro? Ou estava em um dos 1200 ônibus de turismo autorizados a entrar na cidade? Ou veio de trem? Era gente que não acabava mais!

Sexta, durante o Inauguration Day, ou a tomada de posse do Trump, foram registrados meros 782.000 viagens de metrô, menos do que normalmente ocorre durante um dia normal (segundo o Washigton Post).

Este foi o resultado final.

Cheguei casa pouco antes da marcha acabar, com um tornozelo e um joelho doloridos, mas feliz ter feito parte de um dia histórico de ver que não tive problemas por ser mulher e latina, com cara de latina. Conversei com grupos de Virgínia, Maryland, DC, Michigan e não fui discriminada pelo meu sotaque ou por ser estrangeira.

Veja alguns trechos do que ocorreu no Women’s March:

Tags

Commente aqui

Uma resposta para “Women’s March: Brechando foi a marcha das mulheres contra Trump”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

compartilhe:

Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



Últimas brechadas



Breche aí