Entrevistamos Penelopy, a cover brasileira de Lady Gaga

Entrevistamos Penelopy, a cover brasileira de Lady Gaga

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[Atenção! O texto é longo, mas vale a pena ler, pois Penelopy Jean mistura trabalho com diversão e gosto disso!]

A foto acima mostra a Penelopy Jean, drag queen e conhecida por ser a cover oficial da Lady Gaga no Brasil. Sim, elas são idênticas. Tem um canal no You Tube, onde posta tutoriais de maquiagem e das suas apresentações, já tem mais de cinco mil inscritos e 200 mil visualizações. Sobre maquiagem, Jean também faz workshops em várias cidades brasileiras sobre o assunto. Além do cover, ela participou de um grupo junto com outras meninas que se chama Trio Milano. Portanto, ela não é presa em um único estilo de drag.

Neste sábado (14), ela pisará em solos natalenses para se apresentar na “Adventure Party”, no Enigma Hall, em Ponta Negra. “A gente teve a ideia de chamá-la, após um fã natalense indicá-la nos comentários da primeira edição da festa para um possível outro evento”, disse Taline Freitas, integrante do Arapuka Produções, responsável em trazer a Penelopy em Natal.

Esta é a sua primeira apresentação na cidade como artista solo, visto que o Trio Milano já vieram à cidade.

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“A Penelopy é uma personagem que me ajudou muito a me conhecer melhor, que me fez melhorar e evoluir em diversos aspectos, como no âmbito social. É uma grande fonte de renda que mesmo sendo trabalho, é diversão do início ao fim”, disse a drag em entrevista ao Brechando.

No ano passado realizou uma turnê chamada “Gaga Experience Tour“, cuja intenção era uma experiência de entretenimento aos fãs e admiradores da Mama Monster, inspirada na última turnê mundial da cantora Penelope-21-de-59[ArtRAVE: The ARTPOP Ball].

A cantora já elogiou o trabalho da Jean. “Gaga já postou uma foto minha no Facebook dela, com o look de Condessa (personagem da quinta temporada de American Horror Story). Também já favoritou uma foto minha no Twitter e me segue lá. Ainda não a conheci, mas fui na Born this way ball aqui em SP e na Artrave em Nova York”, comentou a artista.

Não é só a Gaga que a elogia, a sua família apoia bastante o trabalho em um período que muitas famílias estão brigadas por não aceitar algum filho/sobrinho/neto/primo por ser gay/lésbica/bissexual/transexuais/drag queen.

“Eles sempre torcem pelo meu sucesso”.

“A Penelopy é uma personagem que me ajudou muito a me conhecer melhor, que me fez melhorar e evoluir em diversos aspectos, como no âmbito social”

Penelopy já fazia apresentações como drag muito antes da fama da Lady Gaga.  A primeira vez que viu a Gaga foi em sua apresentação no Miss Universo, ano de 2008.  “Comecei me montado como uma brincadeira, com alguns amigos, quando ainda morava na minha cidade natal, Poços de Caldas (MG)”, afirmou a drag com sotaque carregado interiorano perceptível nos vídeos.

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Foi durante as suas apresentações como drag que começaram as associações com a cantora nova iorquina.  Então, a Penelopy Jean foi estudar as maquiagens e looks da performer e utilizar a semelhança física a seu favor.

hqdefault (2)Ela apresenta um show contagiante e com grandes canções de sua musa inspiradora, passeando pelos clássicos “Alejandro” e “You And I“, até os mais recentes “Do What U Want”, “Venus“, “Donatella“, “Fashion” e “Applause“. Fãs de todo o mundo a elogiam. “O mais legal (de se apresentar) é receber o carinho dos little monsters (apelido dos fãs da Gaga), que são os melhores fãs do mundo.”.

Ainda enxerga a sua arte também como uma atitude política. “Ser drag já é um ato político por si só. Drag tem que quebrar as regras. Mas acho imprescindível usar sua popularidade a favor da classe. Divulgar e motivar os LGBTs a lutarem pelos seus direitos e não se calarem. Muita gente já veio me dizer que começou a se montar por influencia minha, acho isso super bacana e me motiva a melhorar cada dia mais para servir de inspiração para muita gente”, afirmou.

“Os little monsters (apelido dos fãs da Gaga), que são os melhores fãs do mundo”

Apesar do apoio e do carinho, a Penelopy ainda precisa engolir muitos sapos, principalmente de pessoas vindas da própria classe.  “O único preconceito que eu realmente sinto sendo drag queen é vindo de alguns gays, que em sua maioria são machistas e misóginos, e têm aversão a qualquer coisa que remeta o universo feminino. Nós, drags (cis gays), temos muita dificuldade de arrumar namorado por conta disso. Acham lindo ver a gente no palco, mas assumir um relacionamento com um homem que representa uma mulher ainda é um grande tabu mesmo no meio gay”, denuncia.

Jean também admitiu que machuca ouvir discursos preconceituosos de alguns políticos e a tiram de sério. “Qualquer discurso que Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e Silas Malafaia fazem para nos atacar é um grande absurdo. Esses homens que dizem ser de Deus, nada seguem de seu ensinamento, que é pregar o amor acima de tudo, e não o ódio”.

O nome de Penelopy é Renato Ricci e fora do seu lado Penélope trabalha como Design Gráfico.

Sobre o Adventure Party

12829000_1061011673959037_8440137295389204733_oA Adventure Party está em sua segunda edição e é baseado na animação Hora de Aventura, um dos desenhos mais famosos da nova geração do Cartoon Network. Assim como o mundo da turma do Finn, a festa haverá diversas coisas malucas, como cama elástica, algodão doce, bebidas, música e muitas aventuras. Na hora, os ingressos custarão 25 reais.

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“Queremos trazer o lado lúdico do desenho Algumas da temática do desenho, que são ditas como tabu, são explicadas de forma simples. Um exemplo é a Princesa Caroço, que é uma mulher, mas com uma voz totalmente masculina. Alguns episódios o Finn se transforma em Fiona. O desenho é puro e ingênuo e isso que tentamos passar no evento”, disse Taline Freitas, uma das organizadoras do evento e membro da Arapuka Produções.

O espaço é para aguçar o lado infantil e lúdico nos visitantes. Na primeira festa por exemplo, houve a instalação de uma piscina de bolinhas. Apesar do foco da festa ser para o público LGBT, muitas pessoas que não incluem neste grupo também comparecem a festa. “Muitos héteros vieram na primeira edição, principalmente por se identificar bastante com Hora de Aventura. É um desenho que não segrega as pessoas, assim como o desenho”, comentou Freitas.

Além de Penelopy, está dentro do line-up Gabriel Valentim, Afonso Haniel, N0T F0UND, Natália Noronha (vocalista do Plutão Já Foi Planeta), Kaya Conky, Rose Lima, Buzz Project, Warlocks e Nightmare. O espaço será dividido em dois espaços: reino doce e caverna da Marceline.

“A gente queria uma pessoa que tivesse uma imagem forte nacionalmente e que pudesse dialogar a festa, visto que Hora da Aventura é visto no mundo todo”, justificou a produtora cultural.

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A ideia surgiu num momento de conversa entre Taline e Duda Santos, também organizadora do evento. “A Duda surgiu com a ideia de fazer uma festa baseada no filme”, enfatizou. A intenção é fazer com que a festa cada vez mais e, inclusive, fazer uma rave.

“É necessário ter um público-alvo, mas a gente quer atingir o máximo número de pessoas possíveis. O bom do Aventure é não segregar as pessoas”, finalizou Taline.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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