Como tive zika vírus: doença infernal

Como tive zika vírus: doença infernal

Compartilhe:

Poderia fazer um texto falando sobre o que é Zika Vírus. Achei melhor, todavia, relatar a minha experiência de ter tido este problema e como é chato, irritante e que isto está virando uma pandemia. Estou viva e sem nenhuma sequela, pois eu segui todas as recomendações médicas. Até hoje tenho medo de ter novamente. Se você quer saber o que é isso, leia este texto até o fim.

Em meados de maio, ninguém sabia se estávamos passando por um período de chicungunha ou zika. Sabíamos que a zika estava surgindo no Brasil e que foi uma doença trazida durante a Copa do Mundo de 2014. Tinham vários artigos sobre a doença, dizendo que parecia com a dengue, com algumas ressalvas. O Ministério da Saúde ainda não havia confirmado.

Umas duas semanas depois que li este artigo, o Ministério da Saúde confirmou os casos, principalmente na Região Nordeste, onde teve as maiores quantidades registradas. O Rio Grande do Norte estava na lista. Então, eu estava estagiando e fui pautada para escrever sobre várias vezes o assunto.

Era uma sexta-feira de maio, fui ao meu antigo estágio  e estava toda feliz por ter conseguido marcar uma entrevista para o blog O Chaplin, iria sair com meu namorado e depois assistiria um filme. Nada disso aconteceu. Acordei às 6 da manhã, como sempre, e fui tomar meu banho matinal. Foi aí percebi que estava com uma dores no corpo, inchaço e não tinha feito algum exercício físico no dia anterior.

Enquanto estava escrevendo uma matéria, várias manchas no corpo apareceram e febre. Quando os meus colegas de trabalho perceberam o problema, eles disseram:

– Termina este texto e vai para o hospital. Você deve estar com zika!

Era minha primeira vez tendo alguma doença que estava em um período de epidemia. Quando teve a gripe suína, por exemplo, eu não tive, apesar de uma ruma de conhecidos e amigos tiveram.

Nesta foto a seguir ainda estava com a mão manchada:

Que delícia de manchas -sqn

Uma foto publicada por Lara Paiva (@paiva_lara) em

Nunca tinha tido dengue, somente alguns parentes da minha família. Liguei para o meu pai e ele me levou para o hospital mais próximo do meu antigo trabalho, no qual graças a Deus é perto de uma ruma de unidades hospitalares. A gente foi naquele que atendia o nosso plano de saúde na época.

Você pode ler também:  Aumentou para 30 casos de bebês do RN com microcefalia

Fiquei na fila, recebi uma pulseira, as coceiras começaram a intensificar e a dor muscular idem. Por coincidência, tinha muita gente naquele hospital privado e todos reclamando da mesma coisa que estava sentindo. Após umas duas horas e meia (morrendo de fome, cansada e bastante debilitada), eu fui atendida na urgência. A moça me olhou, viu as manchas, verificou no termômetro e deu outras examinadas. Prontamente, ela disse:

– Você está com zika vírus mesmo. Se fosse dengue, essas manchas que apareceram na sua pele era o último sintomas. Pelo que observamos nos últimos atendimento hospitalar, a diferença entre zika e dengue é a aparição de manchas primeiro e a febre é mais baixa. A doença demora uma semana para melhorar. Você tem que ficar de repouso absoluto, te darei atestado e vai tomar soro.

Após o soro, eu cheguei em casa, chateada e doente. Meu olho começou a ficar vermelho, parecia que tinha ido para uma piscina cheia de cloro. Tive que desmarcar todos os meus compromissos, incluindo a orientação da professora Dayana. Pior, eu estava na reta final da produção do TCC. Por ser uma doença nova, o meu namorado teve até medo de me visitar achando que iria pegar a doença. Aí eu disse:

– A doença vem de um mosquito e não de contato por pele.

Foi o pior fim de semana da minha vida, me senti inútil e eu queria melhorar logo. Ficava bebendo água o tempo todo para me hidratar e comer coisas saudáveis. Tentei escrever no computador, assistir tv ou fazer algo para que me divertisse. Não dava, porque sentia dor nos músculos e apareceu o pior sintoma: a coceira.

Coça muito, parecia um cachorro pulguento. Eu chorava por causa de tanta coceira, principalmente na sola do pé. Parecia que tinha 15 mil formigas picando o meu pé ao mesmo tempo. Não consegui dormir, fiquei a madrugada piscando.

Você pode ler também:  Jornalista potiguar conta como foi fazer teste do Covid-19 em Portugal

Tentei decupar as falas do meu TCC, a coceira e as dores no braço impediram. Ficava pensando: “Vou tirar zero nisso por causa da zika”.

No domingo, eu tive a ideia de colocar compressas de gelo e água gelada para aliviar as coceiras. Deram certo. Foi assim que senti uma melhora da maldita doença, no qual tava pedindo para todos os santos que eu pudesse melhorar e continuasse a minha vida.

Somente na terça-feira, cinco dias após ter descoberto a doença, que eu melhorei e voltei a trabalhar. Até hoje não se sabe como peguei a doença. Minha primeira pauta após o retorno? Focos de mosquito da dengue em Mãe Luíza.

Depois disso eu fiquei aliviada, livre da zika e que podia fazer as minhas coisas. Até que apareceram os casos de microcefalia. Quando confirmou a relação com a doença, eu só escutava frases:

– Não engravide!

– Não transe!

– Cuidado, se você tiver filho agora pode ter microcefalia.

Claro que ainda me preocupo de ter doença novamente, mas aqui em casa fazemos a nossa parte e seguimos todas as recomendações de não ter mosquito da dengue, visto que todos os membros da família foram vítimas do aedes aegypt. O que precisamos fazer é tomar aqueles cuidados básicos que são falados nas propagandas de televisão e passar bastante repelente no corpo.

Tags

Commente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

compartilhe:

Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



Últimas brechadas



Breche aí