Verticalização dos prédios em Natal

Verticalização dos prédios em Natal

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Antigamente, eu conseguia ver o Morro do Careca no 15º andar de um prédio. Agora um outro prédio tampa a vista de um dos cartões-postais. Este é um dos malefícios da verticalização da capital potiguar. É um elemento das transformações urbanas da cidade e possui os fatores positivos e os impactos negativos causados junto à população em geral.

Na década de 60 a 70, apartamentos ficavam em bairros considerados “chiques”, como Centro, Petrópolis e Tirol. Hoje, existe apartamentos da zona Norte à Sul. Na década de 2000, várias construtoras aproveitaram os terrenos existentes nos bairros da zona Sul e construíram inúmeros prédios nos mais variados terrenos daquela região.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que entre 2000 e 2010, o número de apartamentos construídos em Natal e Parnamirim dobrou de 17 mil para 35 mil.

Hoje, os bairros de Natal com maior número de apartamentos são Lagoa Nova, Capim Macio, Tirol, Candelária, Ponta Negra, Neópolis, Barro Vermelho e Petrópolis. O Pitimbu, uma das poucas áreas de expansão imobiliária de Natal, foi o que mais se verticalizou.

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Isto é nítido, só andar por esses bairros citados e ver nos muros dos terrenos indicando que aquele local será construído mais um prédio da cidade com tantos metros quadrados e o que vai conter naquele condomínio.

De acordo com o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ademir Costa, em seu artigo sobre a verticalização da cidade, Para os grandes centros urbanos a verticalização é importante, uma vez que, além de atender às necessidades do modelo econômico e da sociedade em que vivemos, é vista como a solução dos problemas espaciais que eles enfrentam, pois este processo favorece, até certo ponto, a otimização do uso do solo.

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O edifício vertical, construído de forma planejada, oferecendo as condições ideais de conforto ambiental, constitui-se como um elemento importante e necessário na grande cidade, pois além de favorecer o desenvolvimento das funções inerentes a cada centro urbano, também oferece comodidade, conforto e segurança aos seus usuários.

Em entrevista com os moradores, o professor disse que muitos natalenses preferem morar em apartamento por causa das amenidades climáticas, pois as edificações verticalizadas de Natal geralmente estão localizadas em áreas favoráveis a uma maior circulação de ar, principalmente próximas ao mar e a áreas verdes e de preservação ambiental.

Infelizmente, a grande quantidade de prédio pode fazer com que Natal vire uma verdadeira “estufa”, se não criar controles à verticalização. O Tribunal de Justiça já conseguiu proibir, por exemplo, a construção de espigões próximos à zona de proteção ambiental que fica no Morro do Careca, alegando que isto poderia causar poluição visual e destruir as dunas existentes próximas ao morro.

O professor também apontou que a verticalização causa descaracterização histórica, descentralização dos centros comerciais, comprometimento do lençol freático e destruição do solo.

Recentemente, a Prefeitura conseguiu controlar a quantidade de prédios existentes na Orla da praia de Areia Preta, uma vez que estava prejudicando os moradores do bairro de Mãe Luíza, que fica atrás desses apartamentos.

Costa apontou que “A verticalização “desordenada” que está ocorrendo em Natal constitui uma problemática grave para o meio ambiente, pois a cidade encontra-se assentada em áreas de ecossistemas bastante frágeis, como dunas, mangues, rios e praias, fundamentais para manter o seu equilíbrio ambiental e também para a sobrevivência de parte da população. A forma de expansão da verticalização da cidade, sem um planejamento urbano que ordene este processo, poderá provocar o desequilíbrio desses ecossistemas e, com efeito, impactos negativos ao meio ambiente urbano.

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A Prefeitura do Natal não proíbe a verticalização. Portanto, não existe regras específicas. Dependendo da sua área, você pode chegar a até 90 metros de altura, cerca de 32 pavimentos. Entretanto, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público tentam criar medidas que não causem desequilíbrios que prejudique a qualidade da cidade.Será que a verticalização da cidade precisa ser discutida?

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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